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Cultura da estupidez

By 9 de agosto de 2018 No Comments

A igreja deveria fugir a todo custo da grosseria que ofende e do preconceito que repele. Contudo, a pregação pode atender às expectativas de belicosos e preconceituosos. Temos hoje, no Brasil, igrejas inteiras incapazes de ouvir a voz de Deus por conta desse tipo de pecado. Uma geração de contenciosos.

Como a ignorância é ousada, falam livremente sobre o que faz os cristãos mais maduros temer emitir opinião precipitada, injusta, mal informada, preconceituosa ou que cause embaraço para que alguém se aproxime do evangelho.

Há gente pronta para chamar de comunista, liberal, conservador, esquerdista, capitalista, relativista, feminista, quem está apenas expondo as Escrituras. Como pregar as Escrituras e não ver seus princípios, normas, valores, tangenciarem num ponto ou outro com os valores desses movimentos? Qual deles ensina inverdade do início ao fim?

Outro ponto, como alcançar essa gente para Cristo? Lembro-me de Martyn Lloyd-Jones condenando a atitude de cristãos que confundiam cristianismo com anticomunismo:

“A fé cristã não consiste em anticomunismo, e confio que nenhum de nós mostrar-se-á tão tolo e ignorante ao ponto de permitir que uma igreja, ou qualquer outro interesse, nos iluda e nos desvie de nossa verdadeira mensagem. Crentes que somos, deveríamos estar interessados pelas almas daqueles que abraçaram o comunismo, deveríamos estar interessados pela salvação deles exatamente da mesma maneira como nos interessamos a respeito de outras pessoas quaisquer. Mas, se ao menos por uma vez dermos impressão de que o cristianismo é anticomunismo, então estaremos fechando portas e impondo barreiras, virtualmente impedindo que os comunistas ouçam nossa mensagem de salvação evangélica”.

No seu comentário sobre a Primeira Epístola a Timóteo, John Stott revela preocupação em manter uma tradução fiel das Sagradas Escrituras, que não deixe de expressar o ponto de vista ético sobre o homossexualismo, mas que não seja desnecessariamente ofensiva aos homossexuais:

“Pervertido’ (NIV, REB) não é a melhor tradução, nem ‘sodomita’ (NRSV), porque ambos os termos nos dias de hoje carregam pressuposições e tons que podem expressar a espécie de ‘homofobia’ que os cristãos deveriam evitar”.

Termino com as Escrituras:

“Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4: 5-6).

Pena de John Stott e Martyn Lloyd-Jones…

Ps. Extraído do livro que estou escrevendo, que será lançado ano que vem pela Editora Mundo Cristão: “Azorrague: os conflitos de Cristo com as instituições religiosas do seu tempo.

Antonio Carlos Costa

Antonio Carlos Costa

Teólogo, jornalista e ativista social. Plantador da Igreja Presbiteriana da Barra (Rio de Janeiro) e fundador da ONG Rio de Paz. Nascido no Rio de Janeiro em 1962. Casado com Adriany. Pai de três filhos: Pedro, Matheus e Alyssa.

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