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O flerte com o totalitarismo

By 21 de setembro de 2018 No Comments

Por que milhões de brasileiros flertam com um regime político que trata as pessoas como se essas fossem crianças, carentes de tutores que por elas decidam o que devem fazer?

São evidentes, embora injustificáveis, os motivos que levam a esses a apoiar candidato que propõe saída tão antidemocrática para os males que assolam o país.

  1. Uma pauta de valores éticos foi imposta a milhões de pessoas, que chamam de imoralidade o que lhes é apresentado como pensamento progressista. Procuraram interferir sem tato no modo do brasileiro lidar com os temas da família, da sexualidade, da ideologia de gênero;
  2. Após 13 anos de governo de esquerda, o Brasil encontra-se mergulhado na pior crise na área da segurança pública de toda a sua história. Um sentimento de abandono é experimentado por milhões, que se veem diante de um poder público sem pulso, incapaz de conter o avanço da criminalidade. Nesse mesmo período, cerca de 700 mil brasileiros foram assassinados. A maioria, pobre. Milhares desapareceram, entre os quais, homens e mulheres que foram executados e tiveram seus corpos incinerados, lançados em cemitérios clandestinos, devorados por animais;
  3. Faltou humildade à esquerda, que anela governar o país novamente, mas sem demonstrar o mínimo arrependimento pelo aparelhamento político da máquina pública, pelo saque aos cofres públicos, pela compra de votos do legislativo, pelo conluio com os detentores do poder econômico;
  4. O Brasil continua carente de profundas reformas estruturais. Os serviços públicos são péssimos, os hospitais não atendem à demanda da população, adolescentes demonstram desinteresse por continuar em sala de aula devido à precariedade das escolas públicas. Amargamos a triste estatística de 14 milhões de desempregados, milhões de subempregados, enquanto despenca o padrão de vida dos que carregam nas costas a economia do país, a classe média e os pobres;
  5. Jogar toda a culpa na esquerda não é justo. Nós erramos ao deixarmos tudo desandar. Não fomos às ruas protestar na proporção em que deveríamos ter feito. Não houve controle social sobre os atos do Executivo. Tivemos também o pior Congresso Nacional da nossa história. Sem falar na lástima que são os nossos partidos políticos, afundados em corrupção, fisiológicos, sem projeto de nação, carentes de estadistas.

O resultado do que acabei de expor, de modo tão aquém do muito que precisa ser dito, é a pior ameaça que a nossa democracia sofreu desde o fim do regime militar, em 1985.

O que peço a você, amigo e irmão, é que não permita que sejam buscadas soluções antidemocráticas para os problemas da nossa democracia.

Para as mudanças serem duradouras elas precisarão de legitimidade, que só é possível ser obtida quando as leis do Estado Democrático de Direito são respeitadas, e a voz de todos os setores da sociedade é ouvida, e sem medo.

Antonio Carlos Costa

Antonio Carlos Costa

Teólogo, jornalista e ativista social. Plantador da Igreja Presbiteriana da Barra (Rio de Janeiro) e fundador da ONG Rio de Paz. Nascido no Rio de Janeiro em 1962. Casado com Adriany. Pai de três filhos: Pedro, Matheus e Alyssa.

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