- Quando o candidato afirma não crer no cristianismo e propõe o que o cristianismo condena, está falando do que lhe é próprio. Mas, quando ele se associa ao cristianismo para defender o que o evangelho condena, o profeta tem de se colocar de pé e clamar: “isso não é cristianismo!”
- Nossos interesses políticos não podem estar acima do compromisso com a causa do evangelho. Estamos diante de questão grave: o que cabe à igreja fazer quando o nome de Deus é usado em vão? Para ser “Deus acima de tudo”, tem de ser Deus acima da tortura e do totalitarismo.
- O problema não é político, mas sim teológico. O Brasil quer saber em qual espécie de Deus a igreja crê.
- Muita gente preocupada com candidato ateu. Mas, e se o deus do que diz crer for um diabo? Quando alguém disser “por deus e pelo Brasil”, procure saber qual o seu deus e o que ele pede dos seus adoradores.
- Ao dar apoio político a candidato que -apoia a tortura, propõe banho de sangue como solução para os problemas que o país enfrenta, incita o crime, humilha pessoas, tem como bandeira uma população armada-, a igreja torna surdo o ouvido da sociedade à sua mensagem.
- Se alguém tivesse dito a você que Fidel Castro se converteu bem antes da sua morte, o que você esperaria que o ditador cubano tivesse confessado e mudado na sua forma de fazer política após sua declaração de adesão ao cristianismo?
- Jesus jamais teria dito a Zaqueu, “hoje houve salvação nessa casa”, se Zaqueu não tivesse dito, “resolvo dar metade dos meus bens aos pobres, e se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”. Não banalizemos a doutrina da conversão.
- Amigo, o teste é o louvor e as ações de graças. Você é capaz de dar glória a Deus pela tortura? O pau de arara é fruto da inspiração divina? Devemos orar por uma guerra civil? Seria hoje motivo de louvor o assassinato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?
- Minha questão não é política. É teológica. O Brasil assiste em estado de perplexidade os que se dizem herdeiros da Reforma Protestante associando-se ao que seria condenado pelos próprios reformadores. Vergonha! Deus se apartará das nossas assembleias se não houver arrependimento.
- O que houve com o protestantismo brasileiro? Quem fez descer a nível tão baixo a ética, o sentido do batismo, os valores pelos quais a igreja deve lutar?
- Uma determinada corrente ideológica vai lucrar com as críticas feitas a homem que diz ser cristão, conta com o apoio explícito de pastores, mas apregoa o que a fé cristã tem como abominável? Pouco me importa. Os fins justificam os meios? Qual o primeiro mandamento?
- Se você é cristão, tudo na sua vida deve manter relação de subserviência a Cristo. Seus interesses políticos não podem estar acima do sangue que foi derramado no calvário.
- Entenda o meu ponto. Não me importa quem saia lucrando politicamente com as críticas que devem ser feitas a candidato que usa o cristianismo para apregoar o que o cristianismo condena. Estamos numa luta pela verdade, sentido do batismo e pureza do evangelho.
- Não tenho raiva do candidato, que nunca me fez mal algum. Seja quem for que ganhe essas eleições terá de se acostumar com as manifestações de rua que organizarei a fim de defender as demandas da justiça e do direito. Peço que ele se retrate dos absurdos que declarou.
- Temos candidatos que não se dizem cristãos. Quando falam, falam do que lhes é próprio. O que fazer, contudo, quando nos deparamos com candidato que se diz cristão, mas que não nega publicamente as ideias diabólicas que um dia defendeu?
- Há uma hierarquia de valores morais no cristianismo. A tortura, a supressão das garantias constitucionais, a ruptura do pacto democrático, o totalitarismo, a morte de inocentes, são repulsivos para a fé cristã. “Deus acima de tudo”. Qual Deus? O que abomina essas práticas?
- Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?” I Co 5:11-12
- Se a igreja se calar perante o uso do nome de Cristo por parte de candidatos que se dizem cristãos, mas que apregoam o que Cristo condena, o Espírito Santo abandonará seus cultos e as gerações futuras condenarão a nossa geração pela sua omissão e conivência.
- Se a igreja se calar perante a sociedade brasileira, recusando-se, em nome dos seus interesses políticos, a confrontar candidato que usa o nome de Cristo para apregoar o que Cristo abomina, esqueça toda e qualquer ideia de essa mesma igreja ser referência ética para o Brasil.
- Não ficarei calado. Uma coisa é um candidato que não é cristão falar sobre o que é contrário ao cristianismo. Outra, é o nome santo de Deus ser usado por quem nega o que o evangelho ensina.
- Devido aos cargos que ocupo julgo não ser sábio declarar meu voto. Sinto-me no dever, contudo, de não permitir que a fé que professo seja usada para endossar ética contrária ao espírito do cristianismo. Tortura e supressão das garantias constitucionais são abomináveis.
- Não declararei o meu voto. A um alto custo pessoal, porém, esperando muita dificuldade, incompreensões, ataques de todas as naturezas, sinto-me forçado a expressar minha mais profunda preocupação com o conteúdo da entrevista de um candidato, que exige retratação pública.
- “Eu sou a favor da tortura. Caso eleito, fecho no minuto seguinte o Congresso Nacional. O Brasil só muda com uma guerra civil”. Houve alguma confissão pública de mudança de pensamento por parte do candidato à presidência da República que fez essa declaração?
- Tenho pregado em congressos e igrejas das mais diferentes cidades. Vejo evangélicos escandalizados com o apoio político da igreja a candidato que se condena pelas suas próprias palavras – graves declarações antidemocráticas, que exigem confissão pública de arrependimento.
- “Deus acima de tudo”. Acima da miséria, do abuso de poder, do autoritarismo, do desemprego, da desigualdade social, da supressão das garantias constitucionais, da truculência, da tortura?