Veja
que verdade maravilhosa Ana pôde proclamar depois de tudo o que passou: “… porque o Senhor é o Deus da sabedoria”. Aqui nós a encontramos encantada com a sabedoria de Deus. Maravilhada com a
capacidade de Deus determinar os fins mais gloriosos e escolher os meios mais
santos para a realização do que ele decretou.
Tudo
resultava da descoberta do que estivera oculto aos seus olhos. Durante anos
tudo o que ela via era a sua esterilidade e a frustração de não poder ter um
filho. Tempo de orações não atendidas. Não há dúvida que encontrar sentido no
meio da tormenta não é tarefa fácil para seres tão inclinados à incredulidade
como nós. Contudo, veio o tempo em que Ana pôde ver sua vida sob um outro
ângulo. Com o bebê no colo ela podia entender o período do silêncio divino e
dos céus cerrados. O tempo da falta de respostas era o tempo em que Deus podia
dizer: “Minha amada serva mal pode saber
o que tenho reservado para a sua vida”. Muito embora Deus esteja fora do
tempo, ele sabe que para nós é impossível viver sem pensar com categorias
temporais. O tempo da espera é um tempo experimentando por nós com agudeza, mas
que permanece presente aos olhos de um Deus que se alegra com o fato de que a
nossa dor haverá de dar lugar ao
louvor. O caminho que teve que ser percorrido foi justamente o melhor que Deus
poderia ter estabelecido. O que Deus determina para a nossa história é
arbitrário. Segue as exigências arbitrárias do seu amor, sabedoria e santidade.
Ele tem que sempre escolher o que é mais excelente.
Todo
o ensino da Bíblia tem como meta nos convencer que a história está em boas
mãos. Porém, a história está nas mãos de um ser que tudo vê e tudo sabe e quem
tem que lidar com seres que pouco vêem e pouco sabem. Um ser santo, poderoso e
que tudo vê e tudo sabe, haverá de sempre escolher aquilo que levará suas
criaturas racionais a lhe darem o louvor mais intenso. Não há a mínima
possibilidade de alguma criatura poder convencê-lo que o seu caminho não foi o
mais santo e sábio. A idéia é tão absurda que somente a nossa dor para
ajudar-nos a compreender, sem tentar justificar, como podemos tentar aconselhar
a Deus ou julgar que em seu lugar nós poderíamos fazer melhor. A razão nos
ensina que aos homens só cabe viver com base em uma fé implícita num ser que
por estar tão acima de nós, tem que agir de modo que nos surpreende. A fé é fé
justamente por estar alicerçada em confiança implícita. Cremos não porque tudo
tenha sido explicado. Cremos porque um amor nos foi revelado.
Enquanto o sonho não nasce